quinta-feira, 26 de novembro de 2020

EM MENSAGEM AO POVO DE DEUS, CNBB REFORÇA A ESPERANÇA, A CARIDADE E MISSÃO DA IGREJA NO BRASIL NO CONTEXTO DA PANDEMIA

 


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu, como resultado da reunião realizada nesta quarta-feira, 25 de novembro, uma Mensagem ao Povo Brasileiro em tempo de pandemia. O documento foi referendado pelos mais de 200 bispos, num total de 297 pessoas, compreendendo assessores das comissões episcopais e representantes de pastorais e organismos vinculados à CNBB que participaram da reunião. 

A mensagem busca refletir sobre a presença e missão da Igreja na realidade brasileira e expressar uma mensagem de esperança e proximidade no contexto do novo Coronavírus. O documento destaca ainda que a Igreja no Brasil é impelida a perseverar na caridade, dando continuidade, nas paróquias, comunidades eclesiais missionárias e instituições religiosas de todo país, das redes de solidariedade em defesa da vida que se multiplicaram-se neste ano em razão da pandemia.

 “Como discípulos missionários, queremos crescer nesse tempo difícil, empenhados em remover as desigualdades e sanar a injustiça. A humanidade aguarda uma vacina que, distribuída com equidade, possa ajudar a garantir a vida e a saúde para todos”, diz um trecho do documento.


Mensagem ao Povo de Deus em tempo de pandemia

 

Feliz aquele que suporta a provação, porque, uma vez provado,
receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam. (Tg 1,12)

Amado Povo de Deus, nós bispos do Brasil, reunidos num encontro virtual para refletir sobre a atual presença e missão da Igreja, queremos expressar nossa mensagem de esperança e proximidade.

Neste ano irrompeu inesperadamente a pandemia da COVID19, alterando nossas rotinas, revelando outras enfermidades de nosso tempo e causando grande impacto num já fragilizado sistema de saúde, na seguridade social, nos sistemas produtivos, na educação, na vida familiar, social e religiosa em geral. O Papa Francisco alerta que “a tribulação, a incerteza, o medo e a consciência dos próprios limites, que a pandemia despertou, fazem ressoar o apelo a repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades e, sobretudo, o sentido da nossa existência”. (Fratelli Tutti, 33)

Estamos num tempo de muitos questionamentos e cabe-nos escutar o que o Espírito tem a dizer para a Igreja (Ap 2,7) nesse contexto. A provação tem favorecido importantes aprendizados e oportunidades para a vivência e o anúncio do Evangelho. Reconhecemos, com gratidão, o empenho de tantas comunidades cristãs que foram criativas para manter a ação evangelizadora, especialmente pelas mídias sociais, promovendo a transmissão de celebrações litúrgicas, catequeses e aconselhamento aos fiéis. A Igreja doméstica foi fortalecida, em sintonia com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, que promovem a comunidade cristã como Casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Missão. Percebe-se o protagonismo dos leigos e, especialmente, das mulheres na promoção da Igreja nas casas.

Igualmente somos impelidos pelo Evangelho a perseverar na caridade. Nas paróquias, comunidades eclesiais missionárias e instituições religiosas de todo país, multiplicaram-se as redes de solidariedade em defesa da vida. Por isso, foi coloca em prática a ação solidária É Tempo de Cuidar, voltada a atender demandas de primeira necessidade das pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social no contexto da pandemia. Unidos a outras entidades da sociedade civil, estamos buscando concretizar o Pacto pela Vida e pelo Brasil, conclamando toda a sociedade para que, nesse tempo de pandemia, ninguém seja deixado para trás.

Como nos tem provocado o Papa Francisco, precisamos escutar o clamor das famílias, trabalhar por uma economia “mais atenta aos princípios éticos” (Fratelli Tutti, 170), oferecer uma política melhor, sem desvios na garantia do bem comum, propor uma educação humanista e solidária, comprometidos na permanente construção da democracia. É urgente combater o racismo que se dissimula, mas não cessa de reaparecer. (Fratelli Tutti, 20) Queremos assegurar a vida desde a concepção até a morte natural, preservar o meio ambiente e trabalhar em defesa das populações vulneráveis, particularmente indígenas e quilombolas. Preocupa-nos o crescimento das várias formas de violência, entre elas, o feminicídio. “Cada ato de violência cometido contra um ser humano é uma ferida na carne da humanidade; cada morte violenta “diminui-nos” como pessoas”. (Fratelli Tutti, 227)

Como discípulos missionários, queremos crescer nesse tempo difícil, empenhados em remover as desigualdades e sanar a injustiça. A humanidade aguarda uma vacina que, distribuída com equidade, possa ajudar a garantir a vida e a saúde para todos.

Pedimos que Deus acolha junto a Si os que morreram neste tempo e dê consolação e paz às famílias enlutadas. Abençoamos especialmente os incansáveis profissionais da saúde, os professores, os cuidadores e todos que atuam em serviços essenciais. Nossa prece também pelos presbíteros, diáconos permanentes, consagrados e consagradas, leigos e leigas de nossas igrejas, para que se sintam encorajados.

O Advento é um tempo de renovar nossa esperança. Confiantes, afirmamos que a fé em Cristo nunca se limitou a olhar só para trás nem só para o alto, mas olhou sempre também para a frente (Spe Salvi, 41). Não desanimemos, não estamos sozinhos: o Senhor está conosco!

Acompanhe-nos a Santa Mãe de Deus, Senhora Aparecida, consolo dos aflitos, saúde dos enfermos e esperança nossa! Invocamos sobre todos a bênção da Santíssima Trindade, que sua misericórdia continue fortalecendo e animando o povo brasileiro.

Brasília-DF, 25 de novembro de 2020

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte-MG
Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima-RR
2º Vice-Presidente

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre-RS
1º Vice-Presidente

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro- RJ
Secretário-Geral da CNBB

 

 

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

MENSAGEM SOBRE AS QUEIMADAS: CNBB ACOMPANHA INDIGNADA A DEVASTAÇÃO E SE SOLIDARIZA COM VOLUNTÁRIOS


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou mensagem sobre as queimadas que ocorrem nos biomas brasileiros da Amazônia, Cerrado e Pantanal. No texto, aprovado na noite desta quarta-feira, 23 de setembro, a entidade afirma que “acompanha indignada a devastação causada pelas queimadas” e se solidariza “com todos os voluntários que arriscam a própria vida, atuando com poucos recursos no combate ao crime sócio ambiental que está ocorrendo”.

“A efetiva superação dessa caótica situação só se dará por meio de forte fiscalização, investigação e responsabilização dos culpados, obrigação de reflorestamento, recuperação integral da natureza devastada e reorganização da estrutura econômica”, afirma a CNBB, que também convoca a sociedade brasileira a se unir ainda mais em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil.

Confira o texto na íntegra:

 

04/06/20

Mensagem sobre as queimadas em território brasileiro

“As feridas causadas à nossa mãe terra são feridas que também sangram em nós.(Papa Francisco – Mensagem do presidente da Colômbia, por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente).

1 - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acompanha indignada a devastação causada pelas queimadas nos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal. Une-se às diversas manifestações de entidades católicas feitas nos últimos dias e enaltece todos que cuidam, com esmero, da Casa Comum, de modo especial os que bravamente combatem os focos de incêndio e trabalham pela preservação da vida nas áreas afetadas. A CNBB se solidariza com todos os voluntários que arriscam a própria vida, atuando com poucos recursos no combate ao crime socioambiental que está ocorrendo e na tentativa de salvar a fauna restante que não foi consumida pelo fogo.

2 - Mesmo diante de tamanha destruição, o Governo Federal paradoxalmente insiste em dizer que o Brasil está de parabéns com a proteção de seu meio ambiente. Esta atitude encontra-se em nítida contramão da consciência social e ambiental, na verdade beneficiando apenas grandes conglomerados econômicos que atuam na mineração e no agronegócio.

3 - O Ministério Público mostrou ao Governo Federal os lugares mais sensíveis onde o desmatamento e a queimada aconteceriam de forma mais evidente. Até mesmo ações judiciais foram propostas. Nada, entretanto, surtiu efeito que evitasse essa tragédia socioambiental.

4 - Não é possível permanecer em silêncio diante, por exemplo, dos cortes orçamentários no Ibama e no ICMBio, bem como do sucateamento dos órgãos de combate e fiscalização. O orçamento liberado para fiscalização do desmatamento no ano de 2019 foi de 102 milhões de reais e ainda sofreu um bloqueio de 15,6 milhões. Neste ano de 2020, o recurso foi ainda menor: conforme o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA), aprovado, foram previstos 76,8 milhões para as ações de controle e fiscalização ambiental do Ibama. Isso significa ter 25,2 milhões de reais a menos!

5 - De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza – WWF-Brasil, apesar da criação do Conselho da Amazônia, com a promessa de melhor controle no bioma por parte das Forças Armadas, agosto deste ano repetiu e mesmo superou a tragédia vivida em 2019, com um pico assustador no número de focos de incêndio. Essa agressão à Casa Comum, teve como resultado, nos anos de 2019 e 2020, recordes na quantidade de focos de queimadas no Cerrado (50.524 e 41.674), no Pantanal (6.052 e 15.973) e na Amazônia (66.749 e 71.499), totalizando, segundo dados do INPE, 123.325 focos em 2019 e 129.146 até 20 de setembro de 2020, correspondendo a um aumento de 5.821, destruindo grande parte da biodiversidade nestes biomas, ameaçando povos originários e tradicionais. Tudo isso se constitui num processo de verdadeiro desmonte das leis e sistemas de proteção do meio ambiente brasileiro.

6 - Em meio a toda essa devastação – cujas consequências chegam aos países vizinhos – também o bom senso é agredido tanto pelo o negacionismo explícito e reincidente por parte de nossas lideranças governamentais, quanto pela acusação de que povos e grupos seriam os responsáveis por algumas das queimadas. Esta criminalização, feita perante o mundo, camufla, na fumaça das fake-news, o esforço desses povos por sobrevivência, além de trazer o caos da desinformação.

7 - Não basta, porém, apenas constatar com tristeza a destruição ambiental e o desrespeito ao ser humano. Por isso, a CNBB convoca a sociedade brasileira a se unir ainda mais em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil, reforçando a voz dos que desejam um país mais justo e solidário, empenhados na proteção da Casa Comum, partindo dos mais vulneráveis. A efetiva superação dessa caótica situação só se dará por meio de forte fiscalização, investigação e responsabilização dos culpados, obrigação de reflorestamento, recuperação integral da natureza devastada e reorganização da estrutura econômica.

8 - Em meio a nossas diferenças, permaneçamos firmes na esperança e na união, solidificados na certeza de que a vida, em especial a vida humana, é o valor maior que nos cumpre preservar.

Brasília, DF, 23 de setembro de 2020

 

Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte, MG
Presidente

 

Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre, RS
1º Vice-Presidente

 

Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima, RR
2º Vice-Presidente

 

Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ
Secretário-Geral

 

FONTE: CNBB

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Mensagem do presidente da CNBB para o Dia da Pátria

 

EM MENSAGEM PARA O DIA DA PÁTRIA, DOM WALMOR PEDE QUE A SOLIDARIEDADE ORIENTE OS RUMOS DO BRASIL


Em um vídeo, que gravou especialmente como uma mensagem para o Dia da Pátria, celebrado no Brasil no 7 de Setembro, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, reforçou a importância da democracia e da participação cidadã como caminhos que permitem que as diferenças se articulem e se tornem riqueza na construção do presente e também do futuro do Brasil como resposta aos desafios colocados pelo contexto do novo Coronavírus.

Solidariedade às vítimas pela Covid-19

“Celebramos um Dia da Pátria marcado por luto e por muitos adoecimentos”, afirmou o presidente da CNBB em referência aos brasileiros e famílias atingidas pela Covid-19. Contudo, dom Walmor reforça a necessidade de não se perder a esperança. Para ele a solidariedade é um princípio que deve integrar a todos os brasileiros num sentimento de dor quando muitos estão vivendo o luto da perda de familiares e amigos para a Covid-19 e na construção de um novo tempo para o Brasil.

“Esse momento desafiador que enfrentamos não vencerá a sociedade brasileira que é forte, que sabe lutar e já superou tantas outras adversidades. No fim, a vida sempre vence é o que nos mostra o mestre Jesus que superou a humilhação e a tortura, encontrou a morte mas Ressuscitou. Juntos construiremos um novo tempo a partir da força da solidariedade. Recordemos do Papa Francisco para nos fortalecer: “Não deixemos que nos roubem a esperança”, disse.

Dom Walmor recordou que o Dia da Pátria é celebrado no contexto do Tempo da Criação, marcado na Igreja no mundo, com o início no dia 1º de setembro até o dia próximo 4 de outubro, Dia de São Francisco de Assis. “É Tempo de Cuidar. Por isso, um convite para cuidarmos mais da nossa Casa Comum. Peço a você ‘Amazoniza-Te’. É dever de cada brasileiro proteger a Amazônia e lutar pelos direitos dos povos tradicionais do território amazônico”, disse.

Participação cidadã e Democracia

Em sua mensagem, dom Walmor falou do clima hostil no Brasil criado pela propagação de agressões, via redes sociais, que geram adoecimentos e um contexto que distancia a todos da fraternidade. “Sem a respeito às diferenças, com a tarefa de torná-las riqueza e força, compromete-se a Democracia. Respeito e diálogo inscrevem o cidadão no coro dos lúcidos, os que superarão a estupidez do autoritarismo e a indiferença para com os pobres da terra”, afirmou.

“Que a cultura da participação responsável e cidadã permaneça ante manifestações anti-democráticas e o princípio da solidariedade prevaleça em todos os debates sofre o futuro do país”, afirmou em sua mensagem.

Para dom Walmor, a Independência do Brasil conquistada no dia 7 de setembro deve ser construída e fortalecida a cada dia. Um país se torna independente, segundo ele, quando o seu povo unido escolhe seus próprios caminhos nos parâmetros da Democracia.  “A democracia e as suas instituições precisam ser preservadas e fortalecidas”, disse o arcebispo ao cobrar respeito irrestrito à Constituição Federal de 1988.

“O Dia da Pátria não deve ser vivido como um simples feriado, mas um momento para celebrarmos a convicção de que todos os brasileiros e brasileiras, cada um com a sua diferença, depende um dos outros. Não se constrói um país melhor,  mais justo e mais fraterno a partir da hostilidade, de ações que buscam destruir o próximo”, afirmou.

Pacto pela Vida e pelo Brasil

Na mensagem, o arcebispo de Belo Horizonte convida a pensar nos brasileiros que estão sem trabalho ou sub-empregados. Para ele, a desigualdade social é uma chaga vergonhosa da sociedade brasileira. “É preciso exigir dos governantes e dos servidores do povo envolver a sociedade nas instâncias do poder que se dedicam mais aos empobrecidos, com projetos capazes de gerar emprego e renda, priorizando audaciosas políticas públicas para superar a desigualdade”, apontou.

Para o presidente da CNBB, o Dia da Pátria é um dia de clamor da escuta dos mais pobres para “nos desassossegar e nos engajarmos numa construção nova, um novo Pacto pela Vida e pelo Brasil. “O grito dos excluídos sinaliza direções importantes e pedem-nos novas respostas”, apontou. Estas ideias estão reafirmadas no Pacto pela Vida e pelo Brasil do qual a CNBB é signatária junto a um conjunto de organizações da sociedade brasileira. O Pacto é a resposta que a CNBB, junto à Igreja do Brasil, está dando como instituição para a superação das dificuldades impostas pela pandemia.

Dom Walmor fala também da importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e da necessidade de valorizá-lo e ampliá-lo. Para ele, se não houvesse o SUS, as consequências da pandemia seriam ainda mais devastadoras em nosso país. No caminho de fortalecimento de uma perspectiva de saúde pública frente ao desafio do novo coronavírus, ele desejou que o Dia da Pátria inspire mais integração e sinergia entre as diferentes instâncias governamentais, nos âmbitos federal, estadual e municipal para vencer a Covid-19.

Ele afirmou ainda ser necessário que as autoridades encontrem um caminho para manter a renda emergencial dedicada aos mais pobres até 2021 e para ajudar pequenos empreendedores e investir na agricultura familiar. “A prioridade deve ser a proteção dos mais vulneráveis”, disse.

“Há uma convocação bonita e interpelante neste 7 de Setembro, Dia da Pátria. Cada um de nós, brasileiros, precisamos enxergar as muitas riquezas que residem nas nossas diferenças. É fundamental reconhecer, acima de tudo, que cada pessoa é um semelhante,  um irmão, uma irmã. Quando se reconhece a dignidade da vida humana, que todos são filhos e filhas de Deus, torna-se mais forte a fidelidade a princípios éticos que garantem a convivialidade”, finaliza.


FONTE: Leia mais: CNBB 

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

MÊS DA BÍBLIA 2020: “O MAIOR DESAFIO É FAZER A PALAVRA DE DEUS CHEGAR AO CORAÇÃO”, Diz Dom Joel Portella Amado - Secretário Geral da CNBB

 


“O que isto quer dizer para você?”. Esta era a pergunta que o pai dirigia ao pequeno Joel Portella Amado, quando tinha 9 anos, após voltarem da banca de revista, onde comprava para o filho um fascículo da Bíblia e revistas infantis. Foi desta forma, que o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, teve o seu primeiro contato com as sagradas escrituras. Intimidade conquistada depois ao longo de sua trajetória e formação na Igreja.

Neste 1º de setembro, que marca o início do Mês da Bíblia 2020 na Igreja no Brasil, o secretário-geral da CNBB concedeu entrevista ao portal da CNBB. Na entrevista, dom Joel fala da necessidade de a Bíblia estar disponível, em diferentes formatos, para as pessoas. Contudo, o maior desafio para dom Joel é fazer a palavra de Deus chegar ao coração e à vida.

Dom Joel fala também do esforço que a CNBB está fazendo para que a palavra ocupe a centralidade na vida das comunidades eclesiais missionárias, como defende as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023).

“A Igreja no Brasil já deu alguns passos. Um deles é o Documento nº 108 da CNBB (Ministério e Celebração da Palavra). Outro passo importante é o tema central da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que deveria ter ocorrido esse ano, mas, por causa da pandemia, foi transferida para 2021. Cujo tema, inspirado nas Diretrizes Gerais, é ‘o Pilar da Palavra’, compreendido em sentido amplo, ou seja, como uma verdadeira animação bíblica da vida e da pastoral”, disse.

Acompanhe, a seguir, a íntegra da entrevista.

a) Qual o esforço que a CNBB está fazendo para que a Palavra ganhe centralidade na vida das comunidades eclesiais missionárias?

A Palavra de Deus já possui centralidade na vida da Igreja. Ela está presente, por exemplo, na liturgia, nas reuniões de grupo, na iniciação à vida cristã e em muitas outras ocasiões. O atual momento pede centralidade maior, ou seja, que não nos contentemos com o que já vem sendo feito, mas que avancemos ainda mais. Esse avanço tem algumas direções bem específicas.

A primeira delas diz respeito a que cada pessoa tenha a Bíblia e, mais ainda, tenha contato com a Bíblia, alimentando-se da Palavra de Deus onde estiver. A Bíblia atualmente pode ser levada até mesmo num celular. Importa que as pessoas passem do celular para o coração e para a vida. Ajuda-nos muito a entender isso o relato de Atos 8,26-39, em que o apóstolo Felipe é enviado ao encontro de um homem que até tinha o texto bíblico nas mãos. Só que lhe faltava, como ele próprio diz a S. Felipe, que não entendia porque não tinha quem lhe explicasse. O relato diz que S. Felipe cumpriu essa missão: abriu a mente e o coração daquele homem.

Em segundo lugar, a Palavra de Deus precisa ser ainda mais o centro da vida das pequenas comunidades eclesiais missionárias. Essas comunidades costumam se reunir semanalmente para rezar e planejar atividades pastorais e de caridade. E é nesse conjunto de atividades que deve ser inserida a Palavra de Deus. A leitura do texto bíblico não pode ser opcional nem apenas um momento breve dentro da reunião do grupo. Precisa ser um dos momentos mais importantes. É preciso ler a Palavra de Deus e trazer para a vida. É preciso fazer isso em grupo e, com isso, aprender a fazer individualmente.

Para tanto, a Igreja no Brasil já deu alguns passos. Um deles é o Documento nº 108 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Ministério e Celebração da Palavra). Outro passo importante é o tema central da 58ª Assembleia Geral da CNBB, que deveria ter ocorrido esse ano, mas, por causa da pandemia, foi transferida para 2021. Cujo tema, inspirado nas Diretrizes Gerais, é “o Pilar da Palavra”, compreendido em sentido amplo, ou seja, como uma verdadeira animação bíblica da vida e da pastoral.

b) Como foi o teu primeiro contato com a Palavra de Deus?

Foi em família com os meus pais. Primeiro foi meu pai. Ele gostava muito de ler e sempre me estimulou a ler. Nos domingos, íamos ao jornaleiro e, além da revista infantil, meu pai comprava para mim um fascículo da bíblia. Naquela época, era comum comprar fascículos a cada semana e ir montando os livros. Ao chegar em casa, meu pai lia comigo um trecho e me pedia para explicar.

Ainda hoje, passado tanto tempo, eu me recordo da pergunta que ele sempre me fazia: o que isso quer dizer para você? Eu me recordo quando li o relato da criação do mundo, com Adão e Eva. Quando meu pai me perguntou o que eu tinha entendido, eu apenas repeti o texto e ele disse, lembro-me bem, “por hoje está bom, mas precisa melhorar”. Eu devia ter uns nove anos. Com a morte de meu pai, minha mãe continuou com o mesmo hábito.

Depois, no grupo de jovens, tínhamos verdadeira sede de conhecer a Bíblia, entender os textos. Também no seminário, tínhamos semanalmente, com o diretor espiritual, o que hoje chamaríamos de leitura orante da bíblia. Foram momentos muito importantes para mim.

c) Qual o grande recado esse ano que quer dar o Mês da Bíblia com o estudo e reflexão do livro de Deuteronômio?

O Deuteronômio é um livro muito rico. Tenho, porém, a impressão de que, como livro, não é muito conhecido. Conhecemos trechos, importantes, sem dúvida, mas trechos. Para mim, o primeiro desafio será, portanto, conhecer a grande proposta do livro que hoje temos em mãos.

Este livro é fruto de uma grande reforma religiosa, num tempo de mudanças, tempo que pode ser comparado ao nosso, respeitadas, é claro, as devidas proporções. Na história desse livro, tem o fato de se ter encontrado, durante a restauração do templo, um rolo da lei, da Torah. Creio que esse fato seja importante por nos desafiar a reencontrar a Palavra de Deus num tempo tão confuso como o nosso e, no contato com ela, reorganizar a vida pessoal e social.

Em segundo lugar, o Deuteronômio é um convite a abrir os ouvidos e o coração (Escuta, ó Israel) e perceber o quanto Deus fez em favor do seu povo. Com esse reconhecimento, a desesperança por causa das dificuldades perde a sua força e a fidelidade a Deus, aos mandamentos da lei de Deus, assume o primeiro lugar nas preocupações. É, pois, um convite à fidelidade que brota do reconhecimento de que Deus nunca nos abandona. Essa é uma mensagem que precisa ser dita e acolhida.

FONTE: CNBB

Oração pela Pátria brasileira em tempos de pandemia


 

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Programação do Dia de Oração pela Vida e Pelo Brasil

 

Sábado, às 12h, os sinos das Igrejas brasileiras tocarão em memória das mais de 105 mil vítimas da Covid-19

Neste sábado, a CNBB vai conectar a Igreja no Brasil em um dia inteiro de Oração pela vida e pelo Brasil, das 6h às 21h. Os momentos de oração poderão ser acompanhados pelas redes sociais da CNBB e também pelos canais de TV de inspiração católicas do país. No hot site, lançado pela Conferência, é possível acompanhar a programação que inclui oração da manhã, oração do Ângelus e da noite, missas, celebrações e lives sobre o Pacto pela Vida e Pelo Brasil.

Segundo o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portela Amado, a conferência organizou este dia para unir toda a Igreja no Brasil em torno da oração como forma de contribuir para a superação do quadro tão triste da pandemia e do avanço do coronavírus no Brasil e também para reforçar sua atuação em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil, construído em parceria com um conjunto de organizações da sociedade brasileira.

Pacto pela Vida e pelo Brasil

Para o arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB, a entidade assinou o Pacto pela Vida e pelo Brasil impulsionada por sua fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, fonte inesgotável da luz da verdade, luz indispensável para clarear caminhos e rumos novos que a sociedade brasileira precisa, com urgência, para construir um novo tempo.

Segundo ele, a missão evangelizadora da Igreja, no rico e interpelante horizonte de sua Doutrina Social, não se exime na tarefa de, em cooperação com segmentos da sociedade civil, no que lhe é próprio e devido, ajudar a superar injustiças e discriminações para com os pobres e vulneráveis, defesa dos direitos e promoção da justiça, apoio à democracia e contribuição na conquista do Bem comum. “A Igreja assim o faz, estando no coração do mundo solidária, na força do testemunho do Reino de Deus, a caminho”, afirmou.

Dom Joel explica que o “Pacto pela Vida e e Pelo Brasil” não se trata apenas de um documento a mais em meio a tantos, mas um processo, um conjunto de atitudes que não podem ser adiadas”. Em razão disto, o Conselho Permanente, órgão deliberativo mais importante da CNBB, abaixo apenas da Assembleia Geral da Conferência, aprovou por unanimidade que se faça uma consulta ampla a todos os bispos e, por meio desses, às demais instâncias da ação evangelizadora no Brasil, de modo que, através da colaboração de todos, em clima de fraternidade e comunhão, se possa contribuir para a superação de um quadro tão triste como o atual.

Com o dia de oração e reflexão, informa o secretário-geral da CNBB, inicia-se um processo que deve durar enquanto durar a pandemia. O ideal, destaca dom Joel, seria não precisarmos fazer isso. “Se é necessário fazer, nós o faremos, dialogando continuamente com as demais entidades que assinaram o Pacto e com todas as outras que desejarem unir forças”, disse.

O que é o Pacto pela Vida e pelo Brasil?

O Pacto foi assinado em 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, por seis entidades representativas de diversos setores da sociedade brasileira. O documento foi lançado num período em que o Brasil se deparava com o agravamento da pandemia. O Pacto começou a ser elaborado cerca de um mês antes, por meio de reuniões entre representantes das entidades signatárias, todas bastante preocupadas com o quadro que se agravava no país. A CNBB, seguindo a trajetória de seis décadas de compromisso evangélico com a realidade nacional, fez parte, desde o primeiro momento, das reflexões e da formulação do texto.

Saiba mais sobre o Pacto pela Vida e Pelo Brasilaqui

segunda-feira, 27 de abril de 2020

CARTA DO PAPA FRANCISCO A TODOS OS FIÉIS PARA O MÊS DE MAIO DE 2020


Queridos irmãos e irmãs!

Já está próximo o Mês de Maio, no qual o povo de Deus manifesta de forma particularmente intensa o seu amor e devoção à Virgem Maria. Neste mês, é tradição rezar o Terço em casa, com a família; dimensão esta – a doméstica –, que as restrições da pandemia nos «forçaram» a valorizar, inclusive do ponto de vista espiritual.

Por isso, pensei propor-vos a todos que volteis a descobrir a beleza de rezar o Terço em casa, no mês de maio. Podeis fazê-lo juntos ou individualmente: decidi vós de acordo com as situações, valorizando ambas as possibilidades. Seja como for, há um segredo para bem o fazer: a simplicidade; e é fácil encontrar, mesmo na internet, bons esquemas para seguir na sua recitação.

Além disso, ofereço-vos os textos de duas orações a Nossa Senhora, que podereis rezar no fim do Terço; eu mesmo as rezarei no Mês de Maio, unido espiritualmente convosco. Junto-as a esta Carta, para que assim fiquem à disposição de todos.

Queridos irmãos e irmãs, a contemplação do rosto de Cristo, juntamente com o coração de Maria, nossa Mãe, tornar-nos-á ainda mais unidos como família espiritual e ajudar-nos-á a superar esta prova. Eu rezarei por vós, especialmente pelos que mais sofrem, e vós, por favor, rezai por mim. Agradeço-vos e de coração vos abençoo.

Roma, São João de Latrão, na Festa de São Marcos Evangelista, 25 de abril de 2020.

Francisco

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Oração a Maria

Ó Maria,
Vós sempre resplandeceis sobre o nosso caminho
como um sinal de salvação e de esperança.
Confiamo-nos a Vós, Saúde dos Enfermos,
que permanecestes, junto da cruz, associada ao sofrimento de Jesus,
mantendo firme a vossa fé.
Vós, Salvação do Povo Romano,
sabeis do que precisamos
e temos a certeza de que no-lo providenciareis
para que, como em Caná da Galileia,
possa voltar a alegria e a festa
depois desta provação.
Ajudai-nos, Mãe do Divino Amor,
a conformar-nos com a vontade do Pai
e a fazer aquilo que nos disser Jesus,
que assumiu sobre Si as nossas enfermidades
e carregou as nossas dores
para nos levar, através da cruz,
à alegria da ressurreição. Amém.

À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus;
não desprezeis as nossas súplicas na hora da prova
mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.

___________________

Oração a Maria

«À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus».

Na dramática situação atual, carregada de sofrimentos e angústias que oprimem o mundo inteiro, recorremos a Vós, Mãe de Deus e nossa Mãe, refugiando-nos sob a vossa proteção.

Ó Virgem Maria, volvei para nós os vossos olhos misericordiosos nesta pandemia do coronavírus e confortai a quantos se sentem perdidos e choram pelos seus familiares mortos e, por vezes, sepultados duma maneira que fere a alma. Sustentai aqueles que estão angustiados por pessoas enfermas de quem não se podem aproximar, para impedir o contágio. Infundi confiança em quem vive ansioso com o futuro incerto e as consequências sobre a economia e o trabalho.

Mãe de Deus e nossa Mãe, alcançai-nos de Deus, Pai de misericórdia, que esta dura prova termine e volte um horizonte de esperança e paz. Como em Caná, intervinde junto do vosso Divino Filho, pedindo-Lhe que conforte as famílias dos doentes e das vítimas e abra o seu coração à confiança.
Protegei os médicos, os enfermeiros, os agentes de saúde, os voluntários que, neste período de emergência, estão na vanguarda arriscando a própria vida para salvar outras vidas. Acompanhai a sua fadiga heroica e dai-lhes força, bondade e saúde.

Permanecei junto daqueles que assistem noite e dia os doentes, e dos sacerdotes que procuram ajudar e apoiar a todos, com solicitude pastoral e dedicação evangélica.
Virgem Santa, iluminai as mentes dos homens e mulheres de ciência, a fim de encontrarem as soluções justas para vencer este vírus.

Assisti os Responsáveis das nações, para que atuem com sabedoria, solicitude e generosidade, socorrendo aqueles que não têm o necessário para viver, programando soluções sociais e econômicas com clarividência e espírito de solidariedade.

Maria Santíssima tocai as consciências para que as somas enormes usadas para aumentar e aperfeiçoar os armamentos sejam, antes, destinadas a promover estudos adequados para prevenir catástrofes do gênero no futuro.

Mãe amadíssima, fazei crescer no mundo o sentido de pertença a uma única grande família, na certeza do vínculo que une a todos, para acudirmos, com espírito fraterno e solidário, a tanta pobreza e inúmeras situações de miséria. Encorajai a firmeza na fé, a perseverança no serviço, a constância na oração.

Ó Maria, Consoladora dos aflitos, abraçai todos os vossos filhos atribulados e alcançai-nos a graça que Deus intervenha com a sua mão onipotente para nos libertar desta terrível epidemia, de modo que a vida possa retomar com serenidade o seu curso normal.

Confiamo-nos a Vós, que resplandeceis sobre o nosso caminho como sinal de salvação e de esperança, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Amém.

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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

CAMPANHA DA FRATERNIDADE - 2020

Papa Francisco aos brasileiros: fortalecer o valor da vida

O Papa Francisco dirigiu sua tradicional mensagem aos fiéis brasileiros por ocasião do início da Campanha da Fraternidade, na Quarta-feira de Cinzas.

 "Somos chamados a ser uma Igreja samaritana", afirma. “Que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso”: esses são os votos do Papa Francisco aos brasileiros por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade. Este ano, o tema é “Fraternidade e vida, dom e compromisso”, com o lema “Viu e sentiu compaixão e cuidou dele”.

Confira a mensagem na íntegra:

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Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Iniciamos a Quaresma, tempo forte de oração e conversão em que nos preparamos para celebrar o grande mistério da Ressurreição do Senhor.
Durante quarenta dias, somos convidados a refletir sobre o significado mais profundo da vida, certo de que somente em Cristo e com Cristo encontramos resposta para o mistério do sofrimento e da morte. Não fomos criados para a morte, mas para a vida e a vida em plenitude, a vida eterna (cf. Jo 10,10).
Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja do Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados. Neste ano, o tema da Campanha trata justamente do valor da vida e da nossa responsabilidade de cuidá-la em todas as suas instâncias, pois a vida é dom e compromisso; é presente amoroso de Deus, que devemos continuamente cuidar. De modo particular, diante de tantos sofrimentos que vemos crescer em toda parte, que “provocam os gemidos da irmã terra, que se unem os gemidos dos abandonados do mundo, com um lamento que reclama de nós outro rumo” (Carta Enc. Laudato Si’, 53), somos chamados a ser uma Igreja samaritana (cf. Documento de Aparecida, 26).
Por isso, estejamos certos de que a superação da globalização da indiferença (cf. Exort. Ap. Evangelii gaudium, 54) só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Esta Parábola, que tanto nos inspira a viver melhor o tempo quaresmal, nos indica três atitudes fundamentais: ver, sentir compaixão e cuidar. À semelhança de Deus, que ouve o pedido de socorro dos que sofrem (cf. Sl 34,7), devemos abrir nossos corações e nossas mentes para deixar ressoar em nós o clamor dos irmãos e irmãs necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados, visitados (cf. Mt 25, 34-40).
Queridos amigos, a Quaresma é um tempo propício para que, atentos à Palavra de Deus que nos chama à conversão, fortaleçamos em nós a compaixão, nos deixemos interpelar pela dor de quem sofre e não encontra quem o ajude. É um tempo em que a compaixão se concretiza na solidariedade, no cuidado. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7)!
Por intercessão de Santa Dulce dos Pobres, que tive a alegria de canonizar no passado mês de outubro e que foi apresentada pelos Bispos do Brasil como modelo para todos os que veem a dor do próximo, sentem compaixão e cuidam, rogo ao Deus de Misericórdia que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso.
Envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.
Vaticano, 26 de fevereiro de 2020