sexta-feira, 29 de julho de 2022

PRESIDÊNCIA DA CNBB ELABORA PROTOCOLO PARA AUDIÊNCIAS COM OS CANDIDATOS ÀS ELEIÇÕES 2022


Em vista do processo eleitoral deste ano, a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elaborou um protocolo para as audiências com os candidatos aos cargos eletivos que a procurarem. Serviço costumeiramente realizado pela entidade, tanto em relação a candidatos, quanto a autoridades, as audiências são importantes momentos para a construção do bem comum, fortalecendo o diálogo da Igreja com a sociedade.

O documento foi elaborado com o apoio das Assessorias Política e de Comunicação, após ouvir regionais e analisar propostas com o Conselho Permanente da CNBB. Ele norteará os atendimentos de candidatos a cargos eleitorais. O material foi enviado aos bispos “no desejo de que, em contínua aprendizagem, consigamos atravessar o período eleitoral contribuindo para o bem comum, com especial atenção aos mais fragilizados e evitando, dentro do possível, as sequelas da divisão e do pecado”.

A Presidência da CNBB vai seguir o protocolo, apresentando-o aos candidatos e suas assessorias quando procurarem a CNBB para as audiências.

“Solicitamos que ele seja divulgado e, conforme nele é dito, seja adequado à realidade de cada regional, mantida por certo a unidade de toda a Igreja no Brasil”, indica a Presidência.

As indicações

São 11 pontos no “Protocolo para atendimento de candidatos e candidatas a cargos eleitorais em 2022″. Eles direcionam a instância da Conferência responsável pelos atendimentos, conforme o cargo em disputa e definem uma espécie de roteiro para as visitas dos candidatos.

A ideia é que todas as solicitações sejam atendidas, “ainda que de forma diferenciada de acordo com o cargo em disputa”. Os candidatos à Presidência da República, por exemplo, serão recebidos pelo presidente e pelo secretário-geral da CNBB, acompanhados das assessorias política e de comunicação da CNBB e do candidato.

Já os candidatos ao Senado e à Câmara dos Deputados serão atendidos, preferencialmente, pelas Presidências dos regionais, as quais também devem acolher os pedidos de audiência feitas por candidatos aos governos e parlamentos estaduais e do Distrito Federal. Este atendimento será feito “em comum acordo com os arcebispos ou bispos, das capitais dos estados ou DF”.

O protocolo define que todas as solicitações devem ser encaminhadas à Assessoria Política da CNBB, por meio do endereço eletrônico: politica@cnbb.org.br

As audiências serão presenciais, “obedecendo rigorosamente às regras sanitárias do momento em que ocorrerem” e “divididas em três momentos em tempo de até uma hora”: recepção, conversa e encerramento.

De acordo com o protocolo, a Presidência da CNBB buscará abordar durante a conversa com todos os candidatos os mesmos pontos: Acordo Brasil Santa-Sé; defesa da Casa Comum; defesa da Democracia; defesa do verdadeiro Estado Laico; defesa integral da vida; Economia de Francisco; Educação; Pobreza, exclusão e justiça social.

O documento também dá indicações para o acesso da imprensa e o funcionamento da cobertura midiática das audiências.


FONTE CNBB: Confira o documento na íntegra.

 

segunda-feira, 25 de julho de 2022

CNBB APRESENTA O CARTAZ DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023

 


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresenta a identidade visual da Campanha da Fraternidade 2023, que tem como tema “Fraternidade e fome”, e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). O concurso seguiu as orientações do edital e o parecer final para a escolha coube ao Conselho Permanente da CNBB. O cartaz escolhido foi produzido por Luiz Lopes Jr., de Brasília (DF).

“Vemos no cartaz o mapa do Brasil, país considerado o celeiro do mundo, mas que carrega uma grande contradição: a fome é real e atinge hoje cerca de 33,1 milhões de Brasileiros. Em destaque contemplamos as mãos que repartem e dão vida a solidariedade guiada pela fé. O arroz e o feijão, alimento do povo, passam pelas mãos de homens e mulheres que sabem que a solução do problema da miséria e da fome não está somente nos recursos financeiros mas na vida fraterna. Ninguém deve sofrer com a fome quando realmente vivemos como irmãos e irmãs. Eis o convite: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)”.


Oração da CF 2023

Também foi aprovada pelos bispos do Conselho Permanente a oração da Campanha da Fraternidade 2023:

Pai de bondade,
ao ver a multidão faminta,
vosso Filho encheu-se de compaixão,
abençoou, repartiu os cinco pães e dois peixes
e nos ensinou: “dai-lhes vós mesmos de comer”.
Confiantes na ação do Espírito Santo,
vos pedimos:
inspirai-nos o sonho de um mundo novo,
de diálogo, justiça, igualdade e paz;
ajudai-nos a promover uma sociedade mais solidária,
sem fome, pobreza, violência e guerra;
livrai-nos do pecado da indiferença com a vida.
Que Maria, nossa mãe, interceda por nós
para acolhermos Jesus Cristo em cada pessoa,
sobretudo nos abandonados, esquecidos e famintos.
Amém

 

A CF 2023

Pela terceira vez a fome é tratada pela Igreja no Brasil, na Campanha da Fraternidade. A primeira foi em 1975, com o tema ‘Fraternidade é repartir’ e o lema Repartir o pão’, no clima do Ano Eucarístico que precedeu o Congresso Eucarístico Nacional de Manaus, que trazia o mesmo tema e lema e desejava intensificar a vivência da Eucaristia em nosso povo. A segunda foi em 1985, outro Ano Eucarístico, desta vez em preparação para o Congresso Eucarístico de Aparecida, com o lema ‘Pão para quem tem fome’.

Agora, em 2023, logo depois do 18º Congresso Eucarístico Nacional, que se realizará em Recife, de 11 a 15 de novembro de 2022, sob o tema ‘Pão em todas as mesas’, a Igreja no Brasil enfrenta pela terceira vez o flagelo da fome. Com o lema que é uma ordem de Jesus aos seus discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).

“É vocação, graça e missão da Igreja responder ao chamado e cumprir a ordem de Jesus, afirmamos no contexto do 3º Ano Vocacional que viveremos a partir de novembro deste ano. A fome é um instinto natural de sobrevivência presente em todos os seres vivos. Contudo, na sociedade humana, a fome é uma tragédia, um escândalo, é a negação da própria existência”.


FONTE: CNBB

terça-feira, 19 de julho de 2022

CNBB E AJUDA À IGREJA QUE SOFRE (ACN) PROMOVEM, DIA 6 DE AGOSTO, A 8ª EDIÇÃO DO “DIA DE ORAÇÃO PELOS CRISTÃOS PERSEGUIDOS”


Em 6 de agosto celebraremos a 8ª edição do ‘Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos’. Com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a ACN, sigla em inglês para Ajuda à Igreja que Sofre, promove essa iniciativa convidando todas as paróquias e comunidades cristãs do país a participarem. Rezar é dizer que nos importamos e que estamos ao lado dos irmãos que pagam um alto preço por acreditarem em Jesus.

Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos ocorre anualmente no dia 6 de agosto em referência à mesma noite de agosto de 2014, quando milhares de cristãos fugiram do norte do Iraque, expulsos pelos extremistas do grupo Estado Islâmico. A região concentrava 25% dos cristãos do país e também reunia algumas minorias muçulmanas ameaçadas. A fuga ocorreu à noite, com milhares de pessoas caminhando pelas estradas em direção às cidades curdas de Erbil e Dohuk. “Cerca de 100 mil cristãos, aterrorizados e em pânico, fugiram de suas casas sem nada, somente com as roupas do corpo, a pé, rumo às cidades curdas. Entre eles havia doentes, idosos, crianças e mulheres grávidas, precisando de água, comida, medicamentos e um lugar para ficar”, declarou na ocasião o Patriarca Louis Raphael Sako, chefe da Igreja Católica Caldeia.


Assim que recebeu as primeiras informações na manhã do dia 7 de agosto, a ACN mobilizou os benfeitores e iniciou campanhas e projetos para socorrer materialmente e espiritualmente os perseguidos e refugiados. Desde então a Fundação Pontifícia realiza um dos maiores projetos de ajuda da sua história, direcionando esforços para alimento, abrigo e educação para os refugiados, ação que já resulta em mais de 2 mil projetos no Oriente Médio desde o início da crise.

Um direito não respeitado

O artigo 18.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz: “Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.”

No entanto não é isto que se vê em boa parte do mundo. A discriminação e a perseguição com base na crença religiosa são um fenômeno crescente em todo o mundo. A liberdade religiosa é violada em quase um terço dos países do mundo (31,6%), onde vivem dois terços (67%) da população mundial – aproximadamente 5,2 bilhões de pessoas. Por trás dos conflitos mais violentos do mundo estão aqueles que manipulam a religião na busca pelo poder, seja ele político, econômico ou social.


Não há somente uma religião que seja perseguida ou mesmo manipulada. Dependendo da localidade, uma se sobressai como alvo de ataques que vão desde frases discriminatórias a atos de violência gratuita e sem sentido. Mas, no geral, os cristãos ainda se mantém no topo das estatísticas como o grupo religioso mais perseguido e odiado do mundo.

Sobre a Ajuda à Igreja que Sofre

A ACN (sigla em inglês) é uma Fundação Pontifícia que auxilia a Igreja por meio de informações, orações e projetos de ajuda a pessoas ou grupos que sofrem perseguição e opressão religiosa e social ou que estejam em necessidade. Fundada no Natal de 1947, a ACN tornou-se uma Fundação Pontifícia da Igreja em 2011. Todos os anos, a instituição atende mais de 5.000 pedidos de ajuda de bispos e superiores religiosos em cerca de 140 países, incluindo: formação de seminaristas, impressão de Bíblias e literatura religiosa – incluindo a Bíblia da Criança da ACN com mais de 51 milhões de exemplares impressos em mais de 190 línguas; apoia padres e religiosos em missões e situações críticas; construção e restauração de igrejas e demais instalações eclesiais; programas religiosos de comunicação; e ajuda aos refugiados e vítimas de conflitos.

 

Confira: CNBB   VATICANNEWS   ACN

terça-feira, 12 de julho de 2022

BISPOS REFORÇAM, EM MENSAGEM, O CLAMOR PARA CESSAR O ENSURDECEDOR BARULHO DOS TIROS QUE CEIFAM VIDAS


Sobre o episódio que resultou na morte do guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, 50, no último sábado, 9 de julho, em Foz do Iguaçu (PR), o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou que a “insanidade que transforma uma festa de aniversário, momento de alegria e fraternidade, em cenário de violência e morte não deve ser a referência para o exercício da cidadania no Brasil”. O presidente da CNBB chama a atenção que todos precisam se unir em torno a um compromisso pela paz para que o país se torne mais justo, solidário e fraterno.

Preocupados com o cenário de violência, no último dia 22 de junho, os bispos que integram o Conselho Permanente da CNBB divulgaram uma mensagem ao povo brasileiro com o apelo: “Um clamor pela Paz”. O texto foi aprovado por unanimidade pelos prelados durante a reunião do órgão que é constituído pela presidência da CNBB, pelos presidentes das Comissões Episcopais Pastorais (CONSEP) e pelos membros dos Conselhos Episcopais Regionais (CONSER), os 19 regionais da entidade.

Na mensagem, os membros do Conselho Permanente afirmam que nestes tempos, faz-se urgente escutar as vozes de tantos que, vitimados por variadas formas de violência, clamam por justiça e paz. Salientam que as realidades violência não podem ser naturalizadas e que é impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs.

Para os bispos urge não fechar os olhos diante da “loucura da corrida armamentista no Brasil” (…).

“A violência precisa ser estancada. Diante de tantas situações que nos envergonham, nós, bispos do Conselho Permanente da CNBB, voltamos a erguer nossa voz para denunciar a violência e solidariamente clamar por paz. Unimo-nos a todas as pessoas e entidades que, de coração sincero, se empenham nessa direção. Enxergamos nesse esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos permite desanimar, nem nos deixa enredar pelas artimanhas do mal, por mais astuciosas e aparentemente convincentes que possam ser”.

Por isso, na responsabilidade da missão de pastores, os bispos expressam uma palavra de esperança ao povo brasileiro: “aos sofredores, que não desistam, aos que têm poder de cuidar, defender e promover o bem comum, que não se omitam e aos que diretamente ferem e destroem a paz, que se convertam!”.

“Unamo-nos em favor da verdadeira paz! Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar! O Bom Deus escuta os clamores de seu povo! Que a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha da Paz, interceda sempre pelo Brasil e pelo mundo”.

Confira a mensagem do Conselho Permanente a todo o povo brasileiro na íntegra:

UM CLAMOR PELA PAZ

Eu ouvi os clamores do meu povo. (Ex 3,7)

A paz de Jesus Cristo, que proporciona vida em abundância e alegria plena, é um dom precioso de Deus e desejo de todo o ser humano de boa vontade. Contudo, infelizmente, nosso mundo escuta hoje os estrondos da guerra, os gemidos da fome, o ensurdecedor barulho dos tiros que ceifam vidas e ecoam no choro das vítimas e de seus familiares. Soma-se a isso a indiferença, que fecha olhos e corações, as desculpas para nada fazer e as fake-news em seu esforço por tudo encobrir em cortinas de fumaça.

As guerras vão-se multiplicando cruelmente em diversas regiões do mundo, somando-se às abomináveis e impactantes cenas que nos chegam da Ucrânia através da mídia. São invisíveis os conflitos como em Moçambique, Iêmen, Etiópia, Haiti, Mianmar, entre tantos outros, que assumem hoje os contornos de uma “terceira guerra mundial por pedaços” (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 25).

Nestes tempos, faz-se urgente escutar as vozes de tantos que, vitimados por variadas formas de violência, clamam por justiça e paz. Esta realidade não pode ser naturalizada. É impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs. Seus corpos sem vida clamam por justiça e responsabilização. Suas memórias e seus sonhos de paz devem permanecer vivos entre nós.

A desigualdade social, gerada pela concentração de renda, os conflitos religiosos, o ataque sistemático aos territórios dos povos tradicionais, o desprezo e o rechaço aos migrantes e o flagelo da fome são algumas das formas da violência estrutural visibilizada nos tempos de hoje.

Urge não fechar os olhos diante da loucura da corrida armamentista no Brasil. O número de caçadores, atiradores e colecionadores de armas de fogo (CACs), aumentou 325% de 2018 a 2021. “O gasto com armas é um escândalo, suja o coração, suja a humanidade” (Papa Francisco, 21 de março de 2022), particularmente quando alimentado por discursos fundamentalistas, inclusive religiosos, que transformam adversários em inimigos e comprometem a fraternidade.

A violência precisa ser estancada. Diante de tantas situações que nos envergonham, nós, bispos do Conselho Permanente da CNBB, voltamos a erguer nossa voz para denunciar a violência e solidariamente clamar por paz. Unimo-nos a todas as pessoas e entidades que, de coração sincero, se empenham nessa direção. Enxergamos nesse esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos permite desanimar, nem nos deixa enredar pelas artimanhas do mal, por mais astuciosas e aparentemente convincentes que possam ser.

A vida é o maior dom! Cuidar responsavelmente da vida implica trabalhar artesanalmente pela paz (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 225), a justiça social e o bem comum, sempre no respeito pelas diferenças, valorizando a liberdade religiosa e a verdade, dialogando até a exaustão, pois tudo isso é condição para a verdadeira paz.

Por isso, na responsabilidade de nossa missão de pastores, queremos expressar nossa palavra de esperança: aos sofredores, que não desistam, aos que têm poder de cuidar, defender e promover o bem comum, que não se omitam e aos que diretamente ferem e destroem a paz, que se convertam!

Unamo-nos em favor da verdadeira paz! Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar! O Bom Deus escuta os clamores de seu povo! Que a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha da Paz, interceda sempre pelo Brasil e pelo mundo.

Brasília-DF, 22 de junho de 2022.

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler. OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá – MT
Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da Arquidiocese de São
Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário Geral da CNBB

 

Confira o arquivo : AQUI

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Papa: não se deixem arrastar por ideologias que mostram o outro como inimigo.

O outro é uma riqueza. Nenhuma discriminação contra ninguém, por nenhuma razão. Sejamos solidários com todos; não só com quem se parece comigo ou mostra uma imagem de sucesso, mas também com aqueles que sofrem, independentemente da sua nacionalidade e condição social. Palavras do Papa aos participantes da Conferência Europeia da Juventude, que se realiza de 11 a 13 de julho em Praga, na República Tcheca. Francisco destaca a figura do educador brasileiro Paulo Freire.

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da Conferência Europeia da Juventude, que se realiza de 11 a 13 de julho em Praga, na República Tcheca, convidando-os a transformar o “Velho Continente” num “continente novo”, e isto só é possível convosco, frisou.

“Vós, jovens europeus, tendes uma missão importante. Se outrora os vossos antepassados se aventuraram para outros continentes, nem sempre por interesses nobres, agora compete-vos a vós apresentar ao mundo um novo rosto da Europa”, é a exortação do Pontífice já no início de sua mensagem. Francisco dedica grande parte da mesma à iniciativa, lançada em setembro de 2019, designada Pacto Educativo Global.

Educar as gerações para a fraternidade

“Trata-se duma aliança entre os educadores de todo o mundo com a finalidade de educar as gerações jovens para a fraternidade. Mas, vendo como está a andar este mundo guiado por adultos e idosos, parece que deveríeis antes ser vós a educar os adultos para a fraternidade e a convivência pacífica!” – observa.

Entre os primeiros compromissos do Pacto Educativo, aparece o de ouvir as crianças, os adolescentes e os jovens. Por isso, acrescenta o Santo Padre, “queridos jovens, fazei ouvir a vossa voz! Se não vos ouvirem, gritai ainda mais forte, fazei rumor, tendes todo o direito de dar a vossa opinião sobre o que diz respeito ao vosso futuro. Encorajo-vos a ser empreendedores, criativos e críticos”.

Paulo Freire: todos chamados a educar-nos em comunhão

Neste Pacto, não há “remetentes” e “destinatários”, mas todos somos chamados a educar-nos em comunhão, como sugeria o pedagogo brasileiro Paulo Freire, aponta o Pontífice.

De entre as várias propostas do Pacto Educativo Global, o Papa destaca a de “abrir-se ao acolhimento”, ou seja, o valor da inclusão, referida também na Conferência dos jovens. Francisco exorta os jovens a não se deixarem “arrastar por ideologias míopes que pretendem mostrar-vos o outro, o diverso como um inimigo”.

O Santo Padre destaca ainda que o objetivo principal do Pacto Educativo é educar a todos para uma vida mais fraterna, baseada, não na competitividade, mas na solidariedade.

 O Papa: a educação compromete-nos a acolher o outro como ele é, sem julgar ninguém

O Papa volta seu olhar para o conflito na Ucrânia: “Queridos jovens, ao mesmo tempo que estais a realizar a vossa Conferência, na Ucrânia (que não é União Europeia, mas é Europa), combate-se uma guerra absurda. Esta, juntando-se aos numerosos conflitos em curso em diversas regiões do mundo, torna ainda mais urgente um Pacto Educativo que a todos instrua para a fraternidade”.

Francisco acrescenta que a ideia duma Europa Unida brotou dum forte anseio de paz, depois de tantas guerras travadas no Continente, e levou a um período de paz que durou setenta anos. “Agora todos nos devemos empenhar para pôr fim a esta loucura da guerra, onde, como de costume, uns poucos poderosos decidem e mandam a combater e morrer milhares de jovens. Em casos como este, é legítimo rebelar-se!”

Europa seja, para todos,  terra de paz, liberdade e dignidade

Disse alguém que, se o mundo fosse governado pelas mulheres, não haveria tantas guerras, porque elas que têm a missão de dar a vida não podem abraçar opções de morte, disse ainda o Santo Padre. “De modo semelhante apraz-me pensar que, se o mundo fosse governado pelos jovens, não haveria tantas guerras: aqueles que têm toda a vida diante de si, não a querem esfrangalhar e malbaratar, mas vivê-la em plenitude”, ressalta.

Antes de concluir, o Pontífice os convida a todos para a Jornada Mundial da Juventude do próximo ano em Lisboa, “onde podeis partilhar os vossos sonhos mais belos com jovens de todo o mundo”.

Por fim, o Papa Francisco faz uma premente exortação aos participantes da Conferência: “que sejais jovens generativos, capazes de gerar novas ideias, novas visões do mundo, da economia, da política, da convivência social; e não só novas ideias, mas sobretudo novos caminhos para serem percorridos juntos. E que sejais generosos também em gerar novas vidas, sempre e só por amor! Amor ao vosso marido e à vossa esposa, amor à família, amor aos vossos filhos, e também amor à Europa a fim de ser, para todos, terra de paz, liberdade e dignidade”.


Fonte: Vatican News

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Papa: rezemos pelos idosos, mestres da ternura em meio ao mundo habituado à guerra

 “Não podemos falar da família sem falar da importância que os idosos têm entre nós.”


Assim Francisco começa "O Vídeo do Papa" de julho, divulgado na tarde desta quinta-feira (30) com a intenção de oração que Francisco confia a toda a Igreja Católica através da Rede Mundial de Oração do Papa. Neste mês, e falando em primeira pessoa, o Pontífice pede para rezarmos especialmente pelos idosos, uma geração numerosa. Nas últimas décadas, o número de pessoas com mais de 65 anos de idade tem crescido de forma constante. O envelhecimento dessa população afeta particularmente os países mais desenvolvidos, onde 25% dos idosos vivem sozinhos. No vídeo, feito em colaboração com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida e a Fundação Alberto Sordi, o Papa inclusive se lamenta:

Nunca fomos tão numerosos na história da humanidade, mas não sabemos como viver esta nova etapa da vida: para a velhice há muitos planos de assistência, mas poucos projetos de vida. Os mais velhos têm frequentemente uma sensibilidade especial para o cuidado, para a reflexão e o afeto. Somos, ou podemos nos tornar, mestres da ternura. E quanto! Precisamos, neste mundo habituado à guerra, de uma verdadeira revolução da ternura.

O diretor da Fundação Alberto Sordi, Ciro Intino, justamente observa que "a nossa sociedade está envelhecendo, mas tende a excluir e isolar os idosos, minando a sua identidade e o seu papel social, especialmente nas suas relações com as gerações mais jovens. Infelizmente, há uma falta de respostas adequadas aos cuidados e necessidades existenciais das pessoas mais velhas. Há ainda um longo caminho a percorrer em termos de políticas sociais e de saúde para os idosos, destinadas a limitar o isolamento a que demasiadas pessoas idosas estão atualmente condenadas".



Dia Mundial dos Avós e dos Idosos

Já o cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, ao falar sobre a missão dos idosos no mundo e na Igreja, comenta sobre a tomada de consciência sugerida por Francisco sobre a relevância dos idosos na vida das sociedades e das comunidades que deve ser feita "não esporadicamente, mas estruturalmente, com um cuidado pastoral ordinário". Assim, continua o purpurado, "não se trata de confrontar uma emergência, mas de lançar as bases para uma pastoral de longo prazo que nos envolverá durante décadas. Além de reafirmar a importância de combater a cultura do descarte, o Papa parece também querer oferecer pontos de referência àqueles que experimentam um desconcerto por se verem com a idade avançada. Foi por isso que quis estabelecer um Dia Mundial a ser celebrado todos os anos e marcar a época litúrgica: dizer que a Igreja está próxima dos idosos".

De fato, o pedido de oração pelos idosos neste mês de julho reforça a celebração do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos que acontece em 24 de julho em Roma e em todas as dioceses do mundo, como recorda o próprio Pontífice:

"Temos aqui uma grande responsabilidade para com as novas gerações. Lembremo-nos: os avós e os idosos são o pão que alimenta as nossas vidas, são a sabedoria oculta de um povo, e é por isso que devem ser celebrados, e estabeleci um dia dedicado a eles."

Uma missão vital para os idosos

O Pe. Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, ao comentar sobre a intenção de oração do Papa, recorda como é importante quando os avós ou os idosos partilham conosco a própria experiência de vida e fé, a sabedoria e esperança: como Francisco nos recordou na sua catequese sobre a velhice nos últimos três meses na Audiência Geral, afirma o diretor, "o pacto entre as gerações, entre os idosos e os jovens, é uma bênção para a sociedade". Mas, como lembra Ciro Intino, "para que essa dinâmica virtuosa se torne realidade, devem ser ativadas sinergias entre redes familiares, amigos, prestadores de cuidados e estruturas sociais públicas e privadas".

E num contexto de um mundo com muitas feridas, Francisco volta a destacar o papel fundamental da geração mais velha, tanto num dos tuítes desta quinta-feira (30), quando afirma que os idosos "representam as raízes e a memória de um povo", como ao findar a mensagem em vídeo, dizendo:

“Rezemos pelos idosos, para que se tornem mestres da ternura, para que a sua experiência e sabedoria ajudem os mais jovens a olhar para o futuro com esperança e responsabilidade.”

Fonte: CNBB