terça-feira, 24 de junho de 2014

SINAIS DOS TEMPOS E CONVERSÃO PASTORAL

O Concílio Vaticano II propõe o diálogo na relação da Igreja com a sociedade. Assim, a Igreja é chamada a reconhecer os ‘‘sinais dos tempos’’, pois a história é rica em sinais da presença de Deus. O Concílio destacou a pastoral e a ação evangelizadora da Igreja para que seja sinal de Cristo no mundo. Tal posicionamento exige que a Igreja se revitalize continuamente que se revela nos sinais dos tempos. Para isso é preciso considerar que as mudanças na Igreja, especialmente na sua forma de evangelizar, constituem a sua identidade de acolher o que o Espírito Santo dá a conhecer em diferentes momentos históricos; daí se compreende a aforismo: ecclesia semper reformanda [a Igreja deve sempre se reformar].
Enfrenta-se a realidade para encontrar as demandas novas que se apresentam para a evangelização. Trata-se de discernir ‘‘os acontecimentos, nas exigências e nas aspirações de nossos tempos [...], quais sejam os sinais verdadeiros da presença ou dos desígnios de Deus.’’ Esse ‘‘ver’’ está condicionado pelo olhar. Seguindo o Documentos de Aparecida, pretende-se ir ao encontro da realidade com o olhar do discípulo. Não é um olhar puramente sociológico. Trata-se na verdade de um autêntico discernimento evangélico. ‘‘É o olhar do discípulo missionário que se nutre da luz e da força do Espírito Santo.’’

Novos contextos: desafios e oportunidades

O progresso cientifico permitiu o acesso a novas tecnologias, e o avanço da informática trouxe comodidades e experiências inimagináveis num passado recente. A emergência da subjetividade, a preocupação com a ecologia, o crescimento do voluntariado, o empenho pela tolerância e o respeito pelo diferente despertam atualmente uma nova consciência de pertença ao planeta e de integração entre tudo e todos. Igualmente, multiplicam-se as mobilizações contra ditaduras, corrupção, injustiças e violação dos direitos humanos.
Com a valorização do sujeito na modernidade, cresce a responsabilidade de cada pessoa de ‘‘construir sua personalidade e plasmar sua identidade social’’. Essa postura, por outro lado, pode fortalecer a subjetividade individual, enfraquecer os vínculos comunitários e transformar a noção de tempo e espaço. A pessoa vive numa sociedade consumista que afeta sua identidade pessoal e sua liberdade. Acentua-se o egoísmo que desenraiza o indivíduo da comunidade e da sociedade.
Vive-se o fascínio entre a emergência da subjetividade e a cultura individualista que propõe uma felicidade reduzida à satisfação do ego. Se, de um lado, verifica-se o valor da pessoa, por outro, percebe-se de alguns em pensar no outro, diante disso, constata-se a falta do reconhecimento da comunidade como geradora de sentido e parâmetro da organização da vida pessoal. Difunde-se a noção de que a pessoa livre e autônomo precisa se libertar da família, da religião e da sociedade. A independência da pessoa pode ser compreendida equivocadamente como a libertação dos vínculos e influências que os outros propor ao indivíduo.



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